Quando o dia amanheceu, Jonas
e Carla abriram os olhos anunciado um delicioso despertar. Ao mesmo tempo a luz
matinal tocava seus rostos com suavidade. O calorzinho daquele momento era tão
bom que os “obrigou” a permanecer mais alguns minutos na cama. Porém o estômago
deles começou a reclamar do vazio. E um bom banho iria ajuda-los a despertar e
jogar a preguiça de lado.
Carla adiantou-se e, após o
banho, preparou um delicioso café da manhã. Fez torradas, enfeitou a mesa com
vários tipos de geleias, frutas, sucos e outras delícias. Em seguida ela e
Jonas se reuniram diante da mesa. Estavam tão felizes com a nova casa que não
queriam estragar aquela manhã mágica.
Carla, novamente, adiantou-se
e disse em voz alta:
—Cristiane, o café está na
mesa!
Silêncio total.
Carla tentou novamente;
—Filha, acorde! Deixe de
preguiça e desça dessa cama!
Silêncio.
Carla sentiu que alguma coisa
estava errada, pois sempre ouviu a resposta da filha pela manhã.
Preocupada ela diz;
—Que estranho! Por que será
que ela não está respondendo?
—Ora, querida! —disse Jonas
sorridente— Ela só deve estar num sono profundo! Nada mais! Daqui a pouco ela
desce.
—Não! Ela sempre me respondeu!
—disse Carla com um ar de ansiedade e nervosismo na voz.
—Querida, por favor, vamos
comer...
—Desculpe, Jonas, mas vou lá
em cima para ver o que está acontecendo.
Conformado ele diz:
—Tudo bem! Tudo bem! Vou lá
com você.
Subiram as escadas rapidamente
com a iniciativa de acordar a filha logo para que ela pudesse aproveitar os
primeiros dias de férias.
Ao abrir a porta eles têm uma
surpresa. A cama estava feita e não havia nenhum vestígio de que a menina
tivesse dormido ali naquela noite.
Jonas, agora, começava a ficar
preocupado.
—Ué! Cadê Cristiane?
—Não sei! —disse Carla
começando a se desesperar— Eu disse que estava tudo muito estranho. Agora vamos
procurar por ela pela casa, senão não terei sossego.
—Vamos olhar os outros
quartos! Talvez ela tenha dormido em outro...
Correram por todos os cômodos
do imenso casarão. Alguns ainda com algumas teias de aranha pelas paredes e
objetos antigos que decoravam o ambiente. Procuraram, então, na cozinha, na
sala, na biblioteca, no porão, no sótão, pelo jardim e em toda a extensão da
propriedade que puderam vasculhar. Aquela situação havia se tornado muito
estranha para eles, deixando-os com um desespero incontrolável, acompanhados da
respiração ofegante, que demonstrava todo o remorso ao se lembrarem de
Cristiane caindo pelas escadas e sussurrando sobre a mudança de sua decisão em
não ir para a mansão.
Cansados, desesperados e
tristes, decidiram voltar para o quarto e usar o telefone para ligar para a
polícia. Naquele local não pegava sinal de celular ou qualquer outra frequência
que não fosse por meio de fios. Era como se a energia dali bloqueasse o mundo
externo.
Ao abrirem a porta do quarto
eles têm uma surpresa: Cristiane encontrava-se de pé e virada para a janela do
quarto, como se os estivesse observando o tempo todo em que a procuravam. Ela
estava imóvel e não demonstrava nenhuma surpresa com a chegada dos pais.
—Filhinha —disse Carla— que
susto você nos deu! Onde estava enquanto te chamamos?
Nenhuma resposta.
—Filha —disse Jonas— sua mãe
está falando com você!
Silêncio total. Nenhum
movimento.
Carla decidiu se aproximar da
filha. O nervosismo voltava a tomar conta dela ao mesmo tempo em que suas mãos
começavam a suar.
—Menina, estou falando com
você! —gritou Carla já nervosa.
Tocou o ombro de Cristiane,
virando-a para si. Então uma expressão de horror dominou seu rosto. A menina
não parecia humana. Esta, por sua vez, fixou seu olhar branco e gélido para a
mãe e o pai. Nos olhos não havia mais íris e pareciam ter a profundidade de um
universo sem fim, obscuro e terrível. Então Carla percebeu que sua linda
filhinha não existia mais. Os demônios a haviam transformado em mais uma escrava
sexual da tenebrosa e isolada mansão.
Fernando Magaldi
Data do texto original:
11/08 a 01/09/2008
Data do texto final:
25/11/2012
8 comentários:
Muito bom mesmo! Parabéns pelo trabalho.
Obrigado, Sandy Thaís!
Volte sempre e obrigado pelo comentário.
Vc parou de escrever? Seus contos são muuto bons!
Oi, Contos diversos!
Eu não parei de escrever, mas produzo lentamente.
Tenho uma postagem aqui no blog explicando sobre o tempo que levei para produzir O MOÇO DO VENTO.
Há situações onde a inspiração é mais rápida. Porém, há outras (meu caso) em que demoro nos rascunhos e vou lapidando as palavras para, então, publicar.
Não se preocupe, pois a espera vai valer a pena.
Um abraço!
Parabéns... Muito boa, a história inteira. Muita criatividade.
Obrigado, Rafael C.G. Conrado!
Em breve novos contos e, se Deus quiser, em 2014 lançarei finalmente o livro com todas as histórias.
Um abraço!
Bom de mais esse conto. Amei de verdade, é muito raro eu gostar de um conto assim, mais esse me conquistou na primeira parte 👏👏. Adorei parabéns!!
Obrigado pelo elogio e pela sinceridade, Amanda Amaral.
Assim que concluir novos trabalhos, irei publicá-los aqui. Lembrando que todos eles serão a base para meu primeiro livro de contos. Mas isso já é outra história.
Um abraço!
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